A Marcha é uma graphic novel composta por 3 volumes, que aborda um tema sensível na história da humanidade, segregação racial. Esta forma de discriminação social pode ser institucionalizada pelo Estado, ou por uma parcela da população, independente do caso, é uma forma radical de racismo.
Neste primeiro volume de A Marcha, narrada pela perspectiva de Lewis, acompanhamos sua trajetória, desde a infância no Alabama, até o encontro com o Dr. Martin Luther King. John Lewis (1940 – 2020), foi um parlamentar norte americano e uma das principais figuras do movimento pelos direitos civis.
O nome da HQ vem do movimento da Marcha de Washington em 1963, onde Luther King fez seu famoso discurso pela liberdade, justiça social e pelo fim da segregação racial contra a população negra do país. Porém, até chegarmos a este marco da história dos Estados Unidos, teremos uma trajetória marcada por lutas sociais, contadas por John Lewis.
O primeiro volume, começa narrando a infância de Lewis no Alabama, através de flashbacks, aqui já começamos a ter uma noção de como funcionava a sociedade nessa época, Lewis frequentava uma escola específica para negros, havia regras de convivência entre brancos e negros. Alguns exemplos que encontramos na HQ, são quando Lewis viaja com seu tio por quilômetros para encontrar um banheiro para negros. Eram proibidos de frequentar lanchonetes, restaurantes de beira de estrada, sem contar o medo de serem atacados por brancos dos estados do sul, que eram mais conservadores.
Temos a abordagem do movimento sit-downs, tal movimento consistia em uma manifestação pacífica, onde os negros frequentavam lanchonetes sentavam-se no balcão e faziam algum pedido, por serem proibidos de frequentar estes lugares, sempre eram ignorados. No início, as pessoas ficavam com medo, porém com o tempo, começaram a agir com violência contra os negros. Os integrantes destes movimentos recebiam treinamento de não violência, que consistia em manter a calma, e mesmo sendo alvo de violência, esta não deveria ser retribuída.
A Marcha, é uma leitura leve, apesar do tema ser pesado, nos faz refletir e nos traz informações históricas relevantes sobre o movimento negro nos Estados Unidos nas décadas de 50 e 60, contado por quem viveu estes acontecimentos. A arte de Nate Powell, acrescenta emoção a narrativa, ele usa com maestria as sombras e luzes, para transmitir alegrias e tristezas.
Com formato 16,6 x 23,8 cm, 128 páginas, miolo em papel offset e capa brochura, a edição da editora Nemo é simples, porém bem feita.