Apesar de possuir uma trama simples, com textos acessíveis para todas as idades e falar muito através das imagens, “Três Sombras” sabe muito bem como trabalhar com a emoção e ao final da leitura, nos deixa lições muito valiosas.
Joachim é um menino muito alegre e engraçado, ele vive com seus pais, Louis e Lise, em um lugar distante das pessoas. A família leva uma vida tranquila, cercada de conforto, diversão e muito carinho.
Um dia, ao ir dormir, Joachim vê pela janela do seu quarto três sombras na colina próxima a sua casa, o que imediatamente o deixa com medo. Seus pais inicialmente riem e acalmam Joachim, porém o menino tem certeza de que algo ruim está por vir.
Com o passar dos dias, a presença das sombras se intensifica, a ponto de Louis ir confrontá-las. Porém, toda vez que ele tenta se aproximar, elas somem. Ao contrário do marido, Lise também começa a se preocupar, então ela decide ir falar como a Dona Pique, uma vidente e curandeira conhecida da família. E é a partir dessa conversa que a história começar a dar uma guinada.
Dona Pique revela algo assustador sobre o futuro de Joachim, então Lise volta para casa e explica a situação para Louis. Imediatamente ele decide fugir dali junto com o seu filho, pois acredita que assim terá tempo de se afastar o suficiente da presença das sombras que vieram atrás do menino.
Nesse momento a história nos leva a questionarmos: Até onde iríamos para salvar nosso filho ou pessoas que amamos? Com isso, acompanharemos a jornada de Louis e Joachim, correndo contra o tempo para fugir das sombras.
Durante a jornada, eles conhecem todo o tipo de ser humano, pessoas boas e prestativas, pessoas com escolhas morais muito duvidosas, pessoas perigosas, etc. Aos poucos, Louis, de aspecto durão vai mostrando a sua fragilidade e preocupação extrema com o seu filho, chegando ao ponto de oferecer a sua vida em troca da salvação do seu filho, num momento de total desespero.
Em relação a arte, existem momentos em que o traço é mais simples, mas é sempre muito interessante. O autor utiliza muito bem o preto e branco criando sempre um tom mais aterrorizante toda a vez que algo ruim está para acontecer, fazendo o uso do jogo das sombras.
“Três Sombras” nos lembra que a vida é feita de ciclos, de começos e fins, de chegadas e partidas, nos mostra a jornada de uma família, do momento de uma descoberta, até a aceitação dos fatos.
Cyril Pedrosa conduz a história com maestria, nos emocionando com o seu desfecho. Um ciclo se fecha para que outros comecem e mesmo nos momentos mais difíceis, com amor e companheirismo tudo pode ser superado.