“A maior musa que já encontrei na vida”.
Em 2021, a editora Pipoca e Nanquim trouxe para o Brasil a primeira grande obra do mestre do horror Junji Ito, intitulada Tomie, sendo esta originalmente publicada dos anos de 1987 até 2000. Inicialmente, Junji Ito publicou um conto intitulado “Tomie”, o qual recebeu uma menção honrosa na primeira edição do prêmio Kazou Umezu. Após esse início promissor, Junji Ito continuou produzindo a obra até o ano 2000.
Tomie aborda a história de uma aluna que foi assassinada de uma forma muito incomum, e que no outro dia, acaba ressurgindo chocando a todos, mas o pior é que Tomie, além de ser muito bela, ela seduz os homens para si, como forma de possessão, que os induz a matá-la. Nesse cenário, já deve pensar que ela é a antagonista, e é isso mesmo, o autor vai mostrar a trajetória de uma vilã.
No primeiro volume da publicação, temos uma coletânea de contos, passando pela sua origem e seus desdobramentos, que apesar de serem protagonizados pela personagem Tomie, as histórias não tornam-se repetitivas. Em cada um dos contos, Tomie encontra alguém e o seduz, o que acaba resultando na morte da vítima ou da própria Tomie. Durante a leitura, é possível percebermos a promíscua criatividade do Junji Ito, sempre criando situações dentro da trama principal que cabem nessa dinâmica da Tomie, de conquistar um homem, ter posse dele, e de alguma forma, forçá-lo a matá-la. Outro aspecto interessante é a evolução do seu traço, com desenhos cada vez mais detalhados que mantêm o ritmo da leitura e prendem a atenção do leitor. Ao olharmos um quadro do primeiro conto e o compararmos com outro no último conto, é fácil percebermos as diferenças nos traços de seus personagens, principalmente em Tomie.
Já no segundo volume de Tomie, podemos observar o crescimento da obra de Junji Ito, nesse que é onde o cara é realmente um mestre, além de histórias mais complexas e criativas, seus traços tornam as tramas mais assustadoras. As histórias estão distribuídas na forma de capítulos únicos, também denominados de one-shots, pois não demandam necessariamente de uma continuação seriada. Cada capítulo é melhor que o outro, e isto se deve muito a criatividade e maestria de Junji Ito, que consegue fazer com que as tramas não sejam repetitivas apesar de sempre utilizar Tomie como sua protagonista.
Contudo, nos últimos 3 capítulos há o que podemos chamar de “arco”. Nestes, Junji Ito trata justamente do que chama a atenção na Tomie, que é a sua beleza. É uns dos pontos mais altos de toda a publicação, no qual Junji Ito parece estar no seu ápice tanto na criatividade, quanto no traço.
Enfim, vale muito a pena, principalmente para quem quer ler durante uma madrugada, ou quando tiver sozinho em uma floresta, porque vai que, uma moça tão linda dessa aparece.
Vale lembrar que no Brasil já foram publicadas as seguintes obras do autor: Fragmentos do Horror pela editora Darkside, além de Uzumaki e Gyo, ambos pela editora Devir. Uma boa notícia para os fãs de Junji Ito é que a editora Pipoca e Nanquim pretende publicar outras obras do autor ainda em 2021, como por exemplo Frankenstein.